Sobre se esconder
Há um tempo atrás estava explicando para uma amiga minha o propósito desses e-mails. Contei que eu tenho muitos textos publicados, mas pouquíssimos assinados e ela ficou indignada: “como assim você escreve um artigo e outra pessoa o assina?”
Pois bem, essa é a minha profissão.
Nas peças da escola sempre quis fazer parte da organização, durante a faculdade amava estar nos bastidores de eventos e sabia que esse era meu lugar de conforto.
Mas há um tempo isso começou a me incomodar. Sentia que eu estava me escondendo. Queria fazer, mas em algum lugar não queria assumir a responsabilidade por isso.
E essa vontade de querer realizar, embolada do medo de me responsabilizar, fazia com que eu sentisse que estava subindo uma escada em que os degraus estavam se desfazendo. Eu estava escrevendo, mas estava me escondendo.
Vi uma frase que me marcou muito, que dizia que escrever não é sobre se expor, mas sim ficar de pé. E percebi que era isso que eu precisava fazer: sair da posição fetal, fincar meus dois pés na terra e me erguer.
Na última semana parei de me esconder e publiquei um artigo em que expressava todo o meu sentimento (e conhecimento) em relação as várias tragédia sociais que nos afetaram nas últimas semanas. Mas já tinha feito isso antes. Algumas muitas vezes. Sempre escondida.
Compartilho um trecho de um desses textos assinados por outros, que expressei a minha indignação diante da tragédia no Museu Nacional do Rio de Janeiro que aconteceu em 2018:
A ideia de que a cultura é um tema de menor importância sempre me revoltou. A cultura é feita de símbolos, valores e rituais que criam múltiplos pertencimentos, sentidos, modos de vida e identidades. Por isso o restauro não é uma simples reforma, muito menos o restauro de um patrimônio que carregou anos da história do Brasil. Mesmo reconhecido na comunidade artística e arquitetônica, o restauro também é muito mais do que uma técnica: é uma prática de resgate da história de um povo, sua cultura e tradição.
Trecho do texto “Uma tragédia anunciada”
Não estou muito com cabeça para ver coisas novas, nos últimos meses a vida tem sido mais dura, pesada e ocupada do que esperado. Por isso fiquei na dúvida entre assistir de novo Gilmore Girls, Friends ou Sex and the City, mas bem hesitante de qual dessas séries melhor envelheceu. Optei por Friends, que não envelheceu tão bem assim.
Comecei um novo livro, estou lendo A Lista de Convidados. A resenha dizia que o livro era um suspense previsível, com uma trama bem comum e nada surpreendente. Era o que eu precisava. Estou amando.
Semana passada foi o meu aniversário e me dei de presente uma sessão de cinema no meio da quinta-feira à tarde, o filme era Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo. Eu ainda estou processando. Não é tudo o que dizem, mas me tocou bem lá no fundo. Ainda vou escrever sobre isso.
Não sei se esse e-mail fez sentido pra você, nem se ele normalmente faz.
Depois me conta o que você tem achado?
Até mais,
Carol.