Depois de pular uma semana de terapia, e ficar quase 15 dias sem este encontro semanal, eu percebi que estava com medo de ir.
Eu comecei a ficar ansiosa nos dias anteriores. Minha mente percorreu todos os problemas e questões da minha vida e buscava uma saída psicanalítica para todos estes. Assim, eu entregaria o problema e a análise de bandeja para a terapeuta. Sei que não funciona bem assim.
A última vez que eu larguei a psicanálise foi por sentir que vivia a vida buscando o problema. Me vi no mesmo lugar.
Para mim a terapia é um lugar de conforto, de entender como sou, meus padrões, mudar aquilo que não me agrada e aceitar o que não posso mudar. Pensar em sair da terapia é como andar na corda bamba e eventualmente pular de um trapézio voador sem a rede de segurança embaixo. Mas isso é tudo invenção da minha cabeça, já que a vida é sair andando e pulando por aí sem nenhuma rede mesmo.
Acho que é hora de colocar a terapia no divã.
Eu acredito de verdade que a terapia é uma ferramenta importantíssima para a construção de uma sociedade melhor. Mas não acredito que ela sozinha é capaz de mudança, nem no âmbito individual e muito menos no coletivo.
Se uma mulher é violentada psicologicamente, por exemplo, na terapia ela poderá entender melhor sobre a posição em que ela ocupa. Mas para ela realmente sair deste lugar é preciso de outras ferramentas, muitas que são direito dela, e que às vezes não são bem estruturadas, nem são de fácil acesso assim.
Pois bem, compartilho hoje um texto que completa um ano, de quando a violência psicológica se tornou crime do país:
Como vivemos em uma sociedade em que a violência contra a mulher é amplamente concretizada em termos físicos, com agressões, estupros e morte, é importante esclarecer que a violência simbólica não surge como uma oposição à violência física, o autor explica que “simbólico”, neste contexto, não é o oposto de real, supondo que a violência simbólica seja uma violência sem efeitos concretos, mas sim a representação da sutileza na naturalização desta violência. Uma das expressões desta violência é enxergada por meio da violência psicológica.
Trecho do artigo “Violência Psicológica agora é crime”
Essa parte já mudou de nome, talvez queiram saber. Mas de novo, ainda não alterei. A vida e seus trapézios né?
Eu chorei, chorei muito, chorei tudo que estava dentro de mim ao assistir “No Ritmo do Coração”. Achei que seria bom e sabia que ia chorar (estava precisando, por isso coloquei para assistir), mas foi incrivelmente melhor do que eu esperava. Não é triste, é lindo, não é sobre deficiência, é sobre família, sobre sacrifícios e sobre amor. Eu amei demais e me comovi como há tempos não acontecia.
Eu também ri. Comecei a assistir as séries indicadas ao Emmy e fui ver Hacks. Que série divertida. São duas comediantes que precisam se ajudar: uma mulher mais velha que foi uma das primeiras na comédia stand-up e outra roteirista da geração z que foi cancelada por um tweet que era para ser engraçado. São assuntos extremamente importantes em 30 minutinhos de puro divertimento mental.
Fiquei um tempo sem pintar, mas voltei. Decidi fazer exercícios de pintura no youtube e está sendo bem legal!
Você faz terapia?
Até mais,
Carol.
Deveira fazer...!