Tudo o que poderia ser
Vou falar a verdade: na minha mente eu acho que sou perfeita. Eu sei que na real eu não sou, mas eu acho que eu poderia ser.
Eu poderia ser a melhor escritora do mundo. Eu poderia ser uma pintora muito famosa. Eu poderia ser uma jornalista premiada.
Eu sei que não sou. Mas acho que eu poderia ser.
Prepotência? Arrogância? Pra frentisse? Sim, tudo isso. Mas quero deixar claro uma coisa: o fato de achar que eu poderia ser, faz com que eu não seja.
Eu nunca publico nada que escrevo porque sei que não sou, mas acho que poderia ser. Eu demorei anos pra pintar porque eu sei que não sou, mas acho que poderia ser. Não atuo como jornalista porque eu sei que não sou, mas acho que poderia ser.
A grande maioria dos meus projetos não vão pra frente porque eu sei que não sou, mas acho que poderia ser.
A questão é a seguinte: a partir do momento que tiro a expectativa do que poderia ser, eu só sou.
O e-mail de hoje é o que é e não o que poderia ser.
Enquanto estava pensando em textos para compartilhar, eu lembrei de quando a Karol Conka estava naquele furacão de hate. Tudo o que eu conseguia pensar era que no primeiro ano do mestrado eu havia escrito um artigo sobre ela. Senti vergonha. Como eu, perfeita como acho que poderia ser, publiquei sobre uma pessoa que todo mundo estava odiando. Prepotência? Arrogância? Pra frentisse? Sim, tudo isso.
Revisitei esse artigo hoje para compartilhar esse fracasso e simplesmente não tem nada de errado. Assim, deve ter muita coisa errada, mas a escolha do objeto não foi errada. Tinha tudo a ver com o tema da revista, com a autora homenageada e gastei foi tempo escondendo algo nada demais.
O panorama feminino e feminista da cantora e da diretora se contrapõem ao ideal do papel da mulher engendrado na consciência social, em especial, na visão masculina sobre o lugar da mulher; do que ela pode falar; como falar; como se portar, havendo, portanto, resistência de indivíduos afetados pela “moralidade” que ainda entendem a sexualidade feminina como não digna de ser debatida.
- Trecho do texto “Fruto Proibido (()): Poéticas e estéticas do videoclipe “Lalá” de Karol Conka”
Parei de fingir. Estou lendo Falso Espelho e amando os textos de Jia Tolentino. Se você ainda não leu, explico que não é uma narrativa corrida como achei que fosse, são ensaios (bem grandes até) que giram entorno da ideia da autoimagem feminina com a ilusão da internet. Ah, tão relacionável.
Ainda estou assistindo Mad Men, mas abri espaço no final de semana passado para devorar a 6ª temporada de Workin Moms. Uma série gostosinha sobre conciliar a maternidade com o trabalho, repleta de sarcasmo para nos dar uns tapas na cara revestido de comédia. A minha personagem preferida é dona de uma agência de publicidade e acho que estou muito monotemática em relação a isso.
Por fim, quero compartilhar que fui no planetário. Eu amo planetários, observatórios e tudo que me mostre em 360º como eu sou minúscula e tudo que eu faço pouco importa porque o universo vai acabar. Pois bem, estava querendo ir no planetário há tempos. É até engraçado porque este era um plano que estava marcado com data e tudo, mas foi adiado devido a uma pandemia que aconteceu, me mostrando que sou minúscula e meus planos pouco importam.
É isso.
O e-mail de hoje é o que é e não o que poderia ser.
Acho que voltarei aqui na próxima sexta.
Até mais,
Carol.